O que mudou de 2018 para cá para que o dólar se tornasse o grande vilão?
Na administração Dilma Rousseff (2010-2016), para evitar uma escalada da inflação, o governo evitava reajustar os preços administrados, como os da energia elétrica e dos combustíveis. Na prática, a Petrobras subsidiava o preço para segurar as variações e os ajustes nos preços ocorriam algumas vezes ao ano, e não diariamente. Essa política de preços fez com que a Petrobras se tornasse uma das empresas mais endividadas do mundo.
No governo Michel Temer (2016), a Petrobras alterou a sua política de preços de combustíveis para seguir a paridade com o mercado internacional. Os preços de venda dos combustíveis praticados pela estatal passaram a seguir o valor do petróleo no mercado internacional e a variação cambial. Dessa forma, uma cotação mais elevada da commodity e/ou uma desvalorização do real têm potencial para contribuir com uma alta de preços no Brasil, por exemplo.
Leia também | Como identificar o momento certo para comprar e vender ações? Nós te ajudamos!Mas o remédio foi amargo: a mudança de preços chegou a ser diária e acabou desencadeando a greve dos caminheiros em 2018. A manifestação custou o cargo de Pedro Parente, então presidente da Petrobras. Na gestão atual, a Petrobras ainda diz manter a paridade do preço dos combustíveis, mas os reajustes acontecem numa frequência menor.
Vale a pena destacar ao leitor que o preço praticado pela Petrobras representa aproximadamente apenas 33% do custo final na bomba dos postos de combustível. Trata-se do % de Realização da Petrobras, valor pago pelas distribuidoras para a Petrobras quando o combustível sai da refinaria. Ou seja, a Petrobras cobra das distribuidoras R$ 2,33 pela gasolina que pagamos hoje R$ 7,00.
Diante desse cenário, o que fazer?
Uma das possíveis soluções seria voltar à política de preços anterior e permitir a interferência política na formação do preço do combustível, em vez de este ser determinado pelo mercado internacional. Mas essa política desastrosa poderia levar a empresa à falência.
No dia 13 de outubro a Câmara aprovou o novo ICMS sobre combustíveis. O PLP determina que o ICMS sobre combustíveis adotará alíquotas específicas, fixadas a cada 12 (doze) meses e tendo como teto a média de preços (PMPF) dos últimos dois anos. Segundo o parecer do deputado Dr. Jaziel (PL-CE), poderá haver redução média de 8% na gasolina comum, 7% no etanol hidratado e 3,7% no diesel tipo “B”. Enquanto essa mudança não surge efeito, sugerimos algumas soluções paliativas:
(i) Caso precise viajar de um estado para o outro, veja atentamente o seu roteiro;
(ii) Por enquanto, o ideal é tentar abastecer somente com a gasolina comum ao invés da premium;
(iii) Sempre que possível, utilize transporte público ou bicicleta para se deslocar, ao invés do carro ou motocicleta;
(iv) Assim, antes de abastecer em qualquer local, verifique e faça pesquisas de como a tabela de preço da gasolina está naquele momento, para que possa comparar os valores.