Análise e Opinião

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Conflito entre Rússia e Ucrânia vai elevar os juros

Por
Pedro Lang

Os mercados mundiais de ações e de commodities, especialmente o petróleo, têm estado agitados nos últimos dias. E a causa não poderia ser diferente: o conflito entre Rússia e Ucrânia tem gerado estresse no cenário econômico com a escalada militar.

Quando os mercados estavam fechados nos Estados Unidos – Presidents Day – o presidente russo, Vladimir Putin, discursou na televisão tratando da “proximidade histórica e geográfica” entre Rússia e Ucrânia.

Vladimir Putin anunciou ataque às instalações militares da Ucrânia na madrugada do dia 24 de fevereiro, com intuito de ser uma “operação militar especial para proteger” os territórios ucranianos na região de Donbass. Mesmo após ataque, o presidente russo disse que não planeja ocupar a Ucrânia, mas os líderes mundiais estão em dúvida após as escaladas das tensões.

Neste quesito, Putin foi claro ao indicar que vai usar os meios necessários, especialmente os militares, para manter a Ucrânia na órbita russa e impedir sua aproximação com o Ocidente e, principalmente, a adesão ao acordo de cooperação militar da Otan.

Por outro lado, o presidente americano Joe Biden afirmou em nota que “Putin escolheu uma guerra que trará perdas catastróficas de vidas e sofrimento humano”.

É, nesse contexto, que tropas russas foram enviadas para “pacificar” as regiões separatistas da Ucrânia:  Donetsk e Lugansk. A partir daí, a volatilidade dos mercados tem sido frequente.

Quais são os impactos para os mercados?

  1. Preços do petróleo dispararam | Os contratos futuros para abril do barril de petróleo do tipo Brent subiram 3,6% para US$ 98,83 o barril. Curiosamente, é o nível mais alto desde os US$ 114,00 de maio de 2014, coincidentemente a data da invasão russa à Crimeia.
  2. Fornecimento de gás | nesta madrugada (22), Putin tentou dissipar um pouco da tensão ao declarar que o fornecimento de gás para a Europa não será interrompido. Isso é relevante, pois a economia alemã depende do gás russo para funcionar e não há um fornecedor alternativo.
  3. Produção e exportação de alimentos | Os dois países são grandes produtores e exportadores de alimentos. Combinados, os dois países representam cerca de 29% do comércio mundial de trigo. A Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de grãos e óleos vegetais e um importante exportador de milho. Os preços já refletem o temor do mercado de uma interrupção na produção.
  4. Produtividade agrícola | A Rússia é um dos maiores exportadores de fertilizantes do mundo, e eventuais sanções econômicas de outros países podem reduzir o fornecimento. Com isso, a produtividade agrícola vai piorar, com pressão adicional sobre os custos.

Todos esses fatores apontam para uma direção: os preços dos alimentos e da energia deverão subir. Ou, pelo lado mais otimista, permanecerão elevados nos patamares atuais por algum tempo.

O que fazer?

Em termos globais, petróleo e comida mais caras sustentam uma elevação nos índices de inflação, o que justificaria um endurecimento das políticas monetárias.

O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, já avisou que os juros vão subir. O Banco Central Europeu (BCE), que regula as taxas de juros na zona do Euro, permanece dizendo que será tolerante com a alta de preços. De qualquer forma, uma alta prolongada nos índices europeus que estão em seus níveis mais altos em décadas, pode fazer a instituição mudar de ideia.

A resultante de tudo isso é um cenário de inflação mais alta devido às commodities e à energia. Isso é algo ruim, mas que pode oferecer oportunidades para o investidor brasileiro em bolsa, haja vista a importância desses setores no pregão.

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