Análise e Opinião

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Normalização da política monetária americana?

Por
Pedro Lang

Os olhos do mundo se voltam mais uma vez para a economia mais importante do mundo e para os primeiros sinais da normalização de sua política monetária. O já esperado fim do ciclo de estímulos fiscais (gastos do governo) e monetários (recompras de títulos e taxa de juros) do governo americano se aproxima e os mercados começam a se adequar às novas notícias.

A inflação mais alta do que o esperado para o ano de 2021 e os receios que a transitoriedade dos aumentos contínuos no preço dos produtos não seja tão transitória como esperávamos são os principais gatilhos que fazem o mercado projetar mais altas de juros (elevação da taxa de juro básica) e uma velocidade ainda maior na elevação.

Como expectador do processo de redução de estímulos me sinto como um paciente sendo operado por um neurocirurgião. Cada sinalização que o banco central americano faz movimenta o mercado financeiro todo e o mundo responde a cada estímulo. Se o FED errar uma incisão ou mesmo uma sutura pode fazer o mundo sangrar. A responsabilidade de reconduzir a maior economia do mundo à normalização depois da pandemia recai sobre os principais especialistas do mundo.

Nossa preocupação enquanto nação emergente reside principalmente na forma como os aumentos (já sabemos que virão) da taxa de juros serão recebidos. Uma postura mais agressiva (Hawkish) do FED pode levar bilhões de dólares que hoje estão investidos aqui no Brasil de volta para casa e causar uma desvalorização nos principais ativos da economia brasileira. Uma contração monetária severa afeta desde o preço das ações até mesmo o preço das commodities.

Sob a esperança de que o tom moderado do FED deve permanecer e de que as medidas de estímulo serão retiradas de maneira gradual, os mercados aguardam a decisão de juros que acontece hoje e principalmente a ata da reunião. O comunicado do Chairman do banco central dará o ritmo dos mercados nas próximas semanas e discutiremos as entrelinhas de seu discurso por dias mais.

Nos resta esperar que haja espaço para que as economias desenvolvidas continuem sua trajetória de crescimento que já perdura a mais de uma década (com exceção de 2020) e que o Brasil possa surfar o restinho da onda.

Fiquemos de olho no Serginho Groisman (apelido carinhoso dado ao presidente do BC americano por conta da aparência física.